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A fome docente

Na Bahia temos um sistema de ensino superior universitário forjado a aproximadamente 30 anos constituído por quatro universidades estaduais com campus em várias cidades do interior baiano. Este modelo trouxe de fato a interiorização do ensino superior que antes era restrita a apenas uma universidade federal e uma privada, ambas localizadas na capital. A pressão por formação superior forçou os governos a promover o ensino superior em cidades do interior da Bahia.

Até então, fazer qualquer curso superior em nosso estado esbarrava nas limitação tanto de vagas disponíveis para o atendimento dessa demanda, quanto a questão outras tais como, condições financeiras de manutenção dos estudantes na capital com todos os custos que ela exige.

Aliado a este processo de interiorzação de cursos de nível superior, trazendo oportunidades de formação qualificada aos cidadãos, veio também a melhoria de qualificação dos docentes que iriam ministrar as atividades acadêmico-cientificas em diversas regiões da Bahia.
Este fenômeno veio acompanhado de  uma intensa movimentação migratória de profissionais de várias regiões para trabalhar e desenvolver suas atividades acadêmicas e científicas e com isso favoreceu o intercâmbio com outros centros mais desenvidos.
Sanada esta demanda, a evolução do processo de crescimento do ensino superior no estado passa por uma revisão das condições de oferta de cursos e amparo para que os profissionais que atuam nas diversas universidades ou que migraram de outras regiões possam manter-se e tenham garantidas as condições mínimas de infraestrutura de laboratórios e espaços para as grandes discussões científicas.

Nesse sentido, a situação em que vivem os docentes das estaduais são traduzidas por uma "fome", segundo o prof. Nivaldo da UESB de Vitória da Conquista que perpassa pelas necessidades mais básicas para o exercício diário que qualquer professor/pesquisador de uma universidade, seja ela pública ou privada. 

Itens que incluem as condições de trabalho, recursos para pesquisa, estruturas administrativas que tirem o profissional da condição de tarefeiro das burocracias que não interessam e limitam o fazer científico; passa pelas condições de financiamento de sua vida privada com uma estrutura de cargos e salários e esta fome deixa, de fato, as univesidades estaduais em estado de "desnutrição" institucional promovendo uma série de fatos tais como uma autofagia interna com a disputa por cargos e os parcos recursos numa disputa sem igual.

O mais importante hoje nas estaduais é o status que um cargo proporciona do que a produção científico-acadêmica produzida e o que é mais gritante é a chuva de programas governamentais que induzem a uma migração de profissionais qualificados com doutorado e mestrado para atender a estes programas pelo canto dos cisnes de uma remuneração extra.

Estes programas têm sua função, não podemos negar quando falamos por exemplo nos cursos de formação, mas a grande oportunidade oferecida por eles é melhoria do aviltado vencimento mensal é através de participação de docentes como coordenadores, professores horistas e, portanto, desviando de outras oportunidades de crescimento institucional pelo aprimoramento e ampliação das pesquisas, da melhor qualificação para a docência.

Aliado a tudo isso, há um intenso balcão de negócios onde as oportunidades são dadas para garantir negociações políticas de interesses das reitorias perpetuando assim um modelo de gestão dos negócios privados nas universidades públicas.

Até quando se poderá manter tal situação é o que perguntamos, pois estes modelos tiram de foco as necessidades reais de matar fome docente e das discussões coletivas em detrimento da salvação individual, agarrando-se ás tábuas no mar ou, como se falam nos ditados populares, subindo na parede quem tem a unha maior, mas em todo caso, as migrações para fora das estaduais irão continuar enquanto a competição com diante da ofensiva da criação de novas universidades federais, que acabam por levar muitos docentes qualificados, na busca de sanar esta fome que não tem fim nos campi das universidades estaduais.

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